Rosi e Selmo Cerrato

Somos barreirenses de coração, temos dois filhos baianos e construímos nossa vida aqui

rosi cerrato

Rosi e Selmo Cerrato são naturais do município de Ponta Grossa no Paraná. Descendentes de agricultores, faz 27 anos que eles deixaram para trás uma história pronta para desbravar as terras do Oeste da Bahia. O casal encontrou em Barreiras uma cidade acolhedora e fez dela seu lar, onde criaram seus dois filhos. A agricultura foi a principal motivação para sua vinda e o destino fez com que eles permanecessem na cidade até hoje, construindo seu próprio legado com muito trabalho, dedicação e coragem. Continue acompanhando os detalhes desta entrevista. 

Entrevista com Rosi e Selmo Cerrato – Reprodução: Epopeia do Agro

Selmo se formou em Engenharia Agrônoma pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Em 1993, Selmo foi contratado pela BASF para trabalhar em Balsas, no Maranhão, mas uma semana antes de se mudar, foi designado para Barreiras, na Bahia. Na época, Selmo e Rosi já namoravam há 4 anos, foi quando eles decidiram juntos se mudar para Barreiras para se casar e trabalhar com agricultura, atividade que já estava no sangue das duas famílias.

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) atuou na região com projetos públicos de irrigação em zonas agrícolas doadas para colonos, agricultores que vieram de outro estado para trabalhar e fixar moradia. Selmo Cerrato recebeu da Codevasf um lote e um kit de irrigação para iniciar o plantio de feijão e, após colher uma boa safra com preços altos de venda do feijão, conseguiu sair do aluguel e comprar sua primeira casa própria. Mais tarde, ele cultivou arroz e obteve um rendimento maior, com mais de 100 sacos por hectare. Apesar do sucesso, o casal enfrentou uma série de desafios para se estabelecer na região.

“A máquina não conseguia entrar na área para colher, porque era muita umidade, era um solo aluvião que era lá no São José um projeto da Codevasf, e aí o que eu fiz?  Tive que colher esse arroz manualmente com ancinho, deu muito trabalho para colher e aí a margem da cultura foi embora, porque exigiu uma mão de obra especializada que não tem na região para colher arroz” (Selmo Cerrato)

Rosi Cerrato fala sobre a adaptação ao clima local, enquanto no Sul havia períodos de chuva e frio, no Cerrado predomina o calor e a escassez de chuva que dura sete a oito meses nessa região. Com o passar do tempo eles foram aprendendo a lidar com o período de chuva e a qualidade da terra, e perceberam a importância de treinar trabalhadores e gerenciar atividades dentro e fora da fazenda para obter sucesso. Eles atribuem seu sucesso à visão de futuro de Selmo, à aquisição de terras e ao trabalho duro, como a perfuração de poços artesianos para obter água para as lavouras. Eles também criaram seus filhos na agricultura e ensinaram desde cedo a valorizar o trabalho feito na fazenda. Rosi conta como era difícil viajar com os seus filhos:

“Eram 130 quilômetros de estrada de chão para chegar até a fazenda, então na época de chuva mesmo quando encalhava, era pedir a Deus para sair naquela noite daí. Então, meu filho um dia brincou, ele falou, “mãe nós vamos morrer aqui?” Falei não filho tem água e pão dentro do carro e a gente quase teve que subir acima do carro, porque a água batia na porta do carro, aí o Selmo saiu pegou uma carona com o motoqueiro para ir até a cidade mais próxima para poder retornar e nos prestar o socorro. E hoje, a gente tem o asfalto lá que levou 10 anos. Dentro disso que a gente vê que viemos para desbravar mesmo, estava no sangue” (Rosi Cerrato)

O casal continua a entrevista falando sobre sua experiência em comercializar produtos agrícolas, como arroz e feijão. Para decidir qual cultura plantar, eles analisam o mercado e usam uma planilha para calcular o lucro esperado. Eles trabalham com corretores especializados em encontrar compradores e também vendem seus produtos para empresas locais. Selmo enfatiza a importância de encontrar compradores confiáveis que ofereçam preços justos.

Para apoiar as atividades agrícolas na fazenda, a Codevasf forneceu um trator para ser compartilhado entre os produtores rurais. Os bancos ofereciam crédito para compra dos equipamentos, foi assim que Selmo conseguiu investir na frota de tratores. Hoje a fazenda está equipada com seis tratores e uma grande colheitadeira, avaliada em aproximadamente três milhões de reais. Apesar de ser um alto investimento inicial em tecnologia moderna e equipamentos agrícolas, eles acreditam que foi isso que fez a diferença para garantir o crescimento e a lucratividade dentro das condições dinâmicas do agronegócio. 

Rosi Cerrato, hoje mãe de dois filhos, decidiu que Barreiras seria seu lar assim que chegou à cidade. Sempre ativa nos negócios da família, em 2020, Rosi aceitou o desafio de se envolver com as ações do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras – SPRB, assumindo a vice-presidência para o quadriênio 2021-2025.

No início de seu mandato, ela esteve em Salvador, onde entregou à Seplan um ofício com solicitações e demandas do setor produtivo do oeste, buscando apoio para o processo de agroindustrialização dos pequenos produtores agrícolas, tanto na produção quanto na comercialização, garantindo a qualidade dos produtos. Rosi também participou da audiência pública sobre o Projeto de Obra de duplicação da BR 242, entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, uma necessidade crucial para a relação econômica entre as duas cidades e para garantir maior segurança a todos que trafegam por ali.

Entre 2013 e 2020, Rosi atuou como assessora da presidência da AIBA e coordenadora geral da Bahia Farm Show, a maior feira de tecnologia agrícola e negócios do Norte e Nordeste do Brasil.

No final da entrevista, a equipe Epopeia do Agro convida o casal de agricultores para deixar sua mensagem para as gerações futuras. 

“Você tem que ter coragem de fazer o trabalho que precisa ser feito, essa é a mensagem que eu queria deixar para as pessoas, que eu acho que é fundamental e dou parabéns para todo mundo para olhar a história de cada agricultor que tem aqui no Oeste da Bahia” (Selmo Cerrato)

Rosi Cerrato – Reprodução: Epopeia do agro

“Eu acho que o amor traz você, o amor constrói, e o amor é a base de tudo. Então, eu acredito no nosso amor e foi ele que nos trouxe aqui, foi vamos dizer, assim ‘almas gêmeas’. Quando eu cheguei aqui, deixei a minha cidade, a minha casa, onde tinha quatro carros, onde tinha toda uma condição financeira. Chegar aqui e morar em uma kitnet, em um colchão no chão, é a nossa história e passar isso para os nossos filhos, os nossos netos, é que você tem que ter um sonho e esse sonho pode se tornar realidade. Quando você começa, você constrói a sua história. É diferente de você pegar uma história pronta e eu acho que é esse legado que a gente deixa para eles. ” (Rosi Cerrato)

A história de Rosi e Selmo é uma inspiração para aqueles que buscam empreender no agronegócio e enfrentam desafios parecidos. Eles provam que, com trabalho duro e coragem é possível superar as dificuldades e transformá-las em oportunidades de sucesso. Venha conhecer a história de outro casal entrevistado, Almir e Isolete Ficagna

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