José Cláudio Oliveira

Descubra a inspiradora jornada de José Cláudio no Oeste da Bahia! Em uma região marcada por desafios, José Cláudio enfrentou obstáculos significativos para consolidar sua presença e contribuir para o desenvolvimento agrícola local. Sua história é um testemunho vivo de perseverança, inovação e compromisso com a sustentabilidade. Neste post, exploraremos o legado que ele deixou para as gerações futuras. 

Nascido em 1958, em Itaquara, a 50 km de Porto Alegre, José Cláudio de Oliveira se formou em Agronomia em 1984. Sua vontade de conhecer outras regiões surgiu nos anos 70, ao ver o programa “Amaral Netto, o Repórter” televisionado pela Rede Globo entre 1968 a 1981. Nessa época, o lema “Brasil, ame-o ou deixe-o” ecoava, e grandes projetos de infraestrutura, como a construção da Transamazônica e da perimetral norte, estavam em andamento, despertando seu interesse pela vastidão do país e, especialmente, pela Amazônia.

Em janeiro de 1987, José Cláudio chegou ao oeste da Bahia, mais precisamente em Barreiras, após perder seu emprego em uma fazenda na cidade de Indianópolis, onde prestava serviços de consultoria agrícola. Sua mudança foi facilitada pelos agrônomos Baldo e Adelar Capelesco, que o recomendaram para trabalhar na fazenda Odisséia Canaã, em Barreiras.

“Minha mudança coube em um quarto, em 1/3 de um Ford 4000, com minha esposa Ana Rosa e minha filha Luciana. Era tudo o que tínhamos, não é mesmo?”

Ao chegar em Barreiras, José Cláudio encontrou uma região com 120 mil hectares de lavoura, onde o arroz predominava, enquanto a soja ainda dava seus primeiros passos. Ele logo percebeu que o arroz era mais fácil e barato de plantar, embora fosse menos estável em termos de produtividade. A Embrapa recomendava a aplicação de zinco no solo e o uso inicial de arroz para preparar a terra, com a soja sendo introduzida depois, quando a fertilidade do solo estivesse estabelecida.

Enquanto atuava como consultor, José Cláudio trabalhou na Coopergel e, em seguida, abriu uma revenda de produtos agrícolas com Paulo Schmidt e Eli Barbosa. No entanto, sua tentativa de cultivar uma variedade de arroz irrigado em uma área de aproximadamente 3 mil hectares não teve sucesso, devido ao excesso de chuva e à escolha inadequada da variedade para a região.

José Cláudio Oliveira

José Cláudio relembra que, em termos de moradia, enfrentou grandes desafios. Barreiras tinha poucos imóveis disponíveis para aluguel, e Luís Eduardo ainda não existia na época, o que complicava ainda mais a situação. Além disso, a questão da educação era problemática, e as estradas, exceto pela BR, eram praticamente inexistentes. O trajeto de Luís Eduardo até as placas, especialmente durante o período chuvoso, podia levar de 6 a 7 horas, com o risco frequente de atolar no caminho. O anel da soja, hoje presente na região, era de qualidade bastante inferior naquela época, ilustrando a precariedade das estradas e os desafios de locomoção enfrentados pelos agricultores.

A descapitalização foi outro desafio mencionado na entrevista. Os produtores que chegavam à região com recursos financeiros acabavam por enfrentar dificuldades econômicas. José Cláudio menciona casos como o de seu amigo, seu Antônio, que vendeu todos os seus porcos para adquirir uma propriedade na região das placas. O acesso a dinheiro era extremamente limitado, e a dependência do financiamento bancário, especialmente do Banco do Brasil, era quase absoluta. Por vezes, os recursos só eram liberados em dezembro ou janeiro, forçando os agricultores a realizar o plantio fora de época.

A presença do Banco do Brasil foi crucial para fornecer financiamento aos produtores, mas a falta de tecnologia e de crédito na região levou muitos à ruína. Durante esse período, a área plantada diminuiu de 600 mil hectares para 400 mil; havia terras disponíveis gratuitamente no banco, bastava assumir a dívida. A região levou cerca de dois anos para se recuperar e voltar ao patamar anterior de área plantada.

A escassez de água também era um problema em alguns locais, levando alguns agricultores à falência devido à falta de conhecimento sobre a distribuição das chuvas. Embora dados do Ministério da Agricultura dos anos 50 mostrassem as isoietas, indicando os locais com maior índice pluviométrico no Oeste, ainda assim a irregularidade das chuvas representava um desafio significativo. Como diz o ditado na Bahia: “Quando quer chover, chove; quando não quer, não chove”.

Por fim, pode-se afirmar que a agricultura na região foi impulsionada pela determinação das próprias famílias. A mão de obra era predominantemente familiar, com equipamentos agrícolas rudimentares sem tecnologia de automação. Inicialmente, durante os períodos de plantio e colheita, era comum trazer trabalhadores do sul ou sudeste para suprir a demanda de mão de obra. No entanto, ao longo do tempo, essa mão de obra foi sendo substituída por pessoas da própria região, e essa transição foi bem-sucedida. Atualmente, a região conta com uma mão de obra qualificada, que se aprimora a cada dia. A tecnificação elevou consideravelmente o nível de capacitação na região.


Do ponto de vista técnico, os produtores enfrentaram desafios significativos em relação à tecnologia local, tanto no que diz respeito ao preparo do solo quanto à aplicação de fertilizantes. Inicialmente, o preparo do solo era superficial, utilizando-se grades intermediárias a uma profundidade de 15 cm. Isso resultava em acúmulo excessivo de calcário nesse perfil, levando à concentração das raízes nos primeiros centímetros do solo e consequente deficiência de micronutrientes. 

Quanto à fertilização com micronutrientes, a prática era limitada ao zinco, enquanto na Bahia era necessário o uso de outros elementos como cobalto, boro e molibdênio. Essa falta de informações sobre as necessidades desses micronutrientes representava um desafio significativo. As mudanças na produtividade começaram a surgir com a adoção de um trabalho mais detalhado de perfilagem do solo. O arado passou a ser utilizado para incorporar o calcário a uma profundidade de 30 cm, o gesso tornou-se uma prática comum, assim como a aplicação de potássio em cobertura, o que efetivamente contribuiu para a construção da fertilidade do solo. 

A região era desacreditada; muitos enfrentaram desafios, alguns desistiram, houve muitas tentativas e erros.”

Ao longo do tempo, houve uma construção do conhecimento sobre a região, com uma contribuição significativa de profissionais da Embrapa e do setor privado, além da participação de muitas pessoas. Antigamente, não havia dados que mostrassem o potencial do cerrado, acreditava-se que não seria possível alcançar altas produtividades devido às condições edafoclimáticas. 

Para José Cláudio, a motivação para continuar tentando vinha da própria necessidade de vencer. Não havia alternativa senão progredir. Muitos produtores, vindos de pequenas propriedades no Sul, viram na Bahia uma oportunidade de crescimento que não encontravam em suas terras de origem cada vez mais divididas entre os filhos.

A mentalidade empreendedora e a vontade de superar desafios foram e continuam sendo motores de progresso na região. Mesmo aqueles que já alcançaram o sucesso financeiro continuam investindo e buscando novos desafios. Para eles, o progresso não é apenas uma questão de dinheiro, mas sim de motivação e superação.

Hoje, o Oeste da Bahia é uma das principais regiões agrícolas do Brasil, graças ao trabalho árduo e à perseverança de pessoas como José Cláudio de Oliveira. Sua maior riqueza não está em bens materiais, mas sim na sensação de dever cumprido e na contribuição para o desenvolvimento da região. Ele vê com orgulho o progresso alcançado ao longo dos anos e continua empenhado em tornar as práticas agrícolas mais sustentáveis e ambientalmente responsáveis.

Valeu a pena o que conseguimos; talvez possamos fazer melhor, mas conseguimos. Podemos ver uma riqueza na região que não existia antes, um foco na biologia do solo que não era pragmático; nós apresentamos alternativas e estamos abertos a soluções para tornar as coisas mais sustentáveis, tanto economicamente quanto ambientalmente.”

Assim, a história de José Cláudio de Oliveira e outros pioneiros do Oeste da Bahia é um testemunho da força e da resiliência humanas diante das adversidades. É uma história de como o trabalho árduo, a determinação e a colaboração podem transformar sonhos em realidade, mesmo nos lugares mais desafiadores.

Quer saber mais sobre as lições de sucesso e sustentabilidade na agricultura? Não perca a chance de se inspirar com a história do Sr. José Cláudio e descubra como você também pode fazer a diferença. Clique no link e junte-se a nós nesta Epopeia do Agro.


1 Comentário

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *