Luiz Pradella

Luiz Pradella compartilhou a história da sua família, descendentes de imigrantes italianos, que migraram para o Brasil. Inicialmente estabeleceram-se no Sul do Brasil e, posteriormente, em Palotina, Paraná. O crescimento da propriedade ocorreu principalmente com a produção de milho e a criação de porcos. Descubra as inspirações, os ensinamentos e os momentos que marcaram a jornada da família Pradella no Oeste da Bahia. Leia agora esta entrevista com Luiz Pradella e o seu irmão Odir Pradella.

Na década de 90, Arnaldo Pradella (pai de Luiz e Odir), explorou novas oportunidades em fronteiras agrícolas, viajando para o Mato Grosso e Pará, mas decidiu permanecer em Palotina para fortalecer o negócio. Em 2000, a família Pradella visitou o Oeste da Bahia, ficando encantada com a região e decidindo adquirir uma área na Coaceral (Cooperativa Agrícola do Cerrado do Brasil Central). A motivação principal era expandir o negócio de soja e milho, buscando uma área maior, e o cerrado baiano se tornou a oportunidade perfeita para esse crescimento. A transição ocorreu ao longo de vários anos, aprendendo e se adaptando ao novo ambiente.

A chegada da família Pradella ao Oeste da Bahia, em fevereiro de 2001, marcou o início de uma jornada desafiadora. A propriedade, adquirida no início do ano, exigiu a abertura de picadas, demarcação de sede e a perfuração de um poço artesiano para garantir acesso à água. As condições adversas, como a distância da fonte mais próxima e a falta de energia elétrica, demandaram soluções criativas, incluindo a montagem de um grupo gerador. 

Ao chegar em 15 de abril de 2001, a família iniciou a construção do acampamento, com apoio temporário na casa de um conhecido em Formosa do Rio Preto. Luiz Pradella relembra a importância do apoio dos pais:

“A mãe veio cuidar da cozinha para todos que estavam ali, em poucos dias a gente já era mais de 15 pessoas e ela cuidava das 3 refeições na época com mais de 60 anos de idade, e assim as coisas foram acontecendo” (Luiz Pradella)

 O plano inicial de preparar 500 hectares para o plantio naquele ano enfrentou desafios devido ao atraso no preparo do solo e às condições climáticas desfavoráveis. A família decidiu adaptar sua estratégia, optando desmatar outra área de 500 hectares para o plantio de arroz. Na época, Luiz teve problemas de saúde e precisou voltar para se tratar. Foi quando Odir Pradella assumiu a liderança operacional, estabelecendo parcerias para o financiamento da compra de calcário, gesso, adubação, e outros serviços de maquinaria para preparar o solo para o cultivo de arroz. 

Luiz e Odir Pradella durante a entrevista para equipe Epopeia do Agro

Segundo Odir Pradella, a operação foi planejada de última hora, e apesar dos esforços conjuntos, a colheita de arroz enfrentou dificuldades, resultando em baixa qualidade. Na tentativa de reverter a situação, a família optou por melhorar a área destinada ao arroz para a próxima safra de soja, mas novamente enfrentaram contratempos, perdendo tanto a plantação de arroz quanto o plantio inicial de soja devido a pragas.

O replantio de soja ocorreu em condições desafiadoras, com sementes de baixa qualidade e infestação de plantas daninhas. A safra de 2003 marcou a primeira entrada de recursos, três anos após os investimentos iniciais. A partir desse ponto, a família expandiu suas operações, dobrando a área na safra 2003-2004. Optaram por abrir áreas com soja, abandonando o arroz devido à sensibilidade deste último e às dificuldades enfrentadas.

Essas adversidades levaram muitos produtores rurais a desistirem do cultivo na região. Luiz destaca que o patrimônio produtivo da família no Paraná foi um apoio essencial para alcançar sucesso ao replantar a soja no Oeste da Bahia. A estratégia de focar em tecnologia, rotação de culturas e manejo sustentável do solo permitiu que a família triplicasse o teor de matéria orgânica no solo, alcançando 3% em muitas áreas. Esse progresso, combinado com investimentos em tecnologia e práticas agrícolas inovadoras, posicionou os Pradella como exemplo de sucesso na região do Oeste da Bahia.

“Há mais de 20 anos, estamos produzindo, e mesmo diante de perdas de safra, não desistimos. Outros também enfrentaram dificuldades, mas é uma virtude comum entre nós, que chegamos aqui, superamos obstáculos e focamos no negócio. O importante é persistir e fazer o máximo com o que temos. Isso acontece em qualquer empreendimento, e muitos aqui conseguiram êxito ao perseverar e se dedicar ao máximo.” (Luiz Pradella)

Dentre os desafios enfrentados pela família, destacam-se questões relacionadas à infraestrutura da região, como a falta de estradas, comunicação precária e ausência de energia elétrica. A necessidade de construir estradas próprias e buscar soluções para a comunicação e energia elétrica foi encarada como oportunidade para inovação e resolução de problemas.

O clima, caracterizado por veranicos intensos, foi uma dificuldade que a família reconhece não poder administrar, mas buscou superar por meio de práticas agrícolas adaptadas e estratégias de manejo do solo. O investimento em consultorias desde o início também se mostrou crucial, estabelecendo parcerias saudáveis de crescimento, pautadas pelo diálogo e pela busca de soluções práticas e viáveis.

Quanto à formação acadêmica, o senhor Luiz Pradella esclareceu que, embora não possuísse uma formação superior em agronomia, ele é técnico agrícola, posteriormente estudou administração e realizou uma pós-graduação em estratégia do agronegócio pela FGV. A família sempre buscou suporte em consultorias e instrutores locais para adquirir conhecimento específico da região.

Gledson Rocha entrevista Luiz Pradella e Odir Pradella

A família Pradella adotou diversas tecnologias e estratégias para enfrentar os desafios da agricultura no Oeste da Bahia. Em termos de correções de solo, eles investiram em doses elevadas de calcário, gesso agrícola e utilização de plantas de serviço, como a braquiária. A preocupação com a acidez do solo e a busca por práticas que agregassem valor à terra foram constantes ao longo dos anos.

No que diz respeito às máquinas, a família trouxe tratores mais potentes do Paraná, onde estavam acostumados a trabalhar com máquinas menores. O trator de 180 cavalos foi um desbravador das áreas entre 2001 e 2009, responsável por trabalhos pesados e aberturas de áreas. A escolha do equipamento considerou a necessidade de realizar tarefas exigentes no início da adaptação à nova região.

Em relação ao plantio, eles buscaram as melhores sementes disponíveis, optando por qualidade desde o início. No entanto, durante o replantio da soja, enfrentaram a falta de sementes de qualidade e precisaram recorrer a sementes de grãos. Essa decisão arriscada resultou em sucesso e permitiu a continuidade do plantio.

A família também adotou práticas de agricultura de precisão, como a aplicação de calcário à noite para evitar problemas relacionados ao vento. A atenção aos detalhes e a busca por eficiência foram características fundamentais ao longo do processo, demonstrando a mentalidade de fazer o melhor com os recursos disponíveis.

A comercialização dos produtos agrícolas da família Pradella envolveu tanto o arroz quanto a soja. O arroz foi destinado principalmente ao mercado interno, atendendo a demanda regional, incluindo áreas próximas como Barreiras e Formosa do Rio Preto. O volume de produção de arroz nessa época era relativamente baixo.

Já a soja encontrou um mercado amplo, com vendas para grandes tradings, como Cargill, Bunge e Caramuru. A escolha da trading muitas vezes estava relacionada ao melhor preço oferecido na época. A logística de transporte variava, com envios por caminhões para Barreiras e por caminhonetes para Formosa do Rio Preto.

Quanto aos grãos, parte deles era destinada ao mercado interno, com destaque para o Nordeste, como Fortaleza e Teresina. A estratégia envolvia buscar vendas de soja verde para se financiar, pois o deságio da soja verde era significativo. O Banco do Brasil foi mencionado como um parceiro importante ao longo desse processo, fornecendo suporte financeiro para aquisição de insumos e investimentos.

A entrevista aborda também o crescimento da propriedade ao longo do tempo, destacando a expansão como um sonho que se tornou realidade, permitindo à família Pradella ter um pedaço de chão diferenciado. Essa expansão foi viabilizada por um olhar proativo para os desafios, buscando soluções e adaptando-se constantemente. O solo foi enfatizado como a base de tudo, e a família investiu em tecnologias voltadas para a qualidade e saúde do solo, garantindo produtividade sustentável ao longo dos anos.

Além disso, a entrevista destaca o compromisso social da família Pradella, envolvendo apoio a projetos de transferência de tecnologia para microprodutores na cultura do milho. A participação em projetos sociais e a busca por compartilhar conhecimentos são apresentadas como um legado valioso para a região. Esse compromisso social não apenas contribui para o desenvolvimento da comunidade, mas também proporciona uma troca de conhecimentos benéfica para ambas as partes.

Descubra a história do “Pradellão’, uma inovação agrícola criada pela família Pradella. Leia agora os detalhes da entrevista exclusiva com Odir Pradella.

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