Josiel Menezes

Hoje vamos conhecer a história de Josiel Menezes, um profissional apaixonado pela fruticultura que encontrou sua vocação no Oeste da Bahia. Continue a leitura para absorver as experiências únicas e valiosas compartilhadas por ele.

A jornada de Josiel teve início como técnico agrícola na região de Petrolina-PE, na Escola Agrotécnica Federal Dom Avelar Brandão Vilela. Apesar de uma infância simples, sua família esteve envolvida na agricultura em Remanso, suas raízes sempre estiveram ligadas ao cultivo de hortifruti e granjeiro.

Após concluir seus estudos, Josiel enfrentou uma reviravolta na vida quando a sua família se mudou para São Paulo. Nesse momento desafiador, surge a oportunidade de trabalhar em Barreiras, no Oeste da Bahia, em um projeto de cajucultura. Optar por essa mudança significava enfrentar o desconhecido, já que Josiel não tinha familiaridade com Barreiras e não conhecia ninguém na região. Impulsionado por sua paixão, ele corajosamente aceitou o desafio por volta dos anos 2000.

“Eu fecho o olho, paro, imagino outra profissão que eu pudesse fazer que não fosse isso e não consigo me enxergar em outra possibilidade que não fosse essa”

josiel menezes

O início da carreira de Josiel em Barreiras foi marcado pelo projeto de caju, no qual, junto à agropecuária Caju, estabeleceu um viveiro para a produção de mudas, visando atender a região do Oeste. A transição para essa nova fase foi permeada por desafios, desde a fase de entrevistas até os treinamentos na Embrapa. Com apenas 21 anos, Josiel estava na fase inicial de sua carreira, sendo um jovem profissional que se estabelecia aprendendo com os desafios práticos do dia a dia. 

Na primeira leva dos projetos apoiados pela Codevasf, o crédito rural oportunizou a chegada de vários produtores na região. Entretanto, poucos permaneceram, seja porque não se adaptaram às condições de clima e solo, ou pela falta de aptidão ao negócio. Os primeiros projetos começaram com a cultura de caju que não foi bem-sucedida devido a desafios técnicos, levando-os à banana e, posteriormente, a outras culturas como mamão.

Como proprietário, Josiel trabalhou com culturas rápidas, incluindo melancia, mamão e banana. No grupo de Hortifrútis, o maracujá destaca-se entre as culturas, que podem ser classificadas em culturas rápidas e perenes. Um exemplo de cultura perene é a banana, uma planta anual que, ao longo de um ano, cresce, é cortada e colhida. Embora a planta em si tenha um ciclo anual, o cultivo e o conceito de produção são perenes. Na agropecuária Caju, a primeira área de banana foi plantada há quase 21 anos, mantendo a mesma lavoura.

Além disso, existem outras culturas consideradas intermediárias, como o maracujá. Essas culturas desempenham um papel crucial na produção regional. O maracujá foi uma das primeiras culturas introduzidas, e, assim como a banana, contribui para a diversificação e sustentabilidade da produção ao longo do tempo.

A escolha das culturas foi influenciada por uma combinação de experiências anteriores, sua paixão pela fruticultura e a resistência à sedução inicial pelos grãos. Josiel ressalta que, mesmo diante das propostas para ingressar no agronegócio de grãos e fibras, ele persistiu na fruticultura, guiado por sua verdadeira paixão.

Ao longo dos anos, Josiel buscou aprimorar seus conhecimentos, estudando Agronomia na UNEB. Na agricultura, a persistência é fundamental. Competir com indivíduos apaixonados é desafiador, pois estão dispostos a errar, tentar novamente, estudar mais e continuar aprendendo. 

Enquanto o campo não planta, a cidade não janta’”

josiel menezes

Para Josiel, o fascínio da agricultura como profissão está na certeza de que não existe uma verdade absoluta. Se trata da humildade de admitir que não há um especialista que se considere maduro demais para aprender; é uma busca diária e incessante, reconhecendo que algumas abordagens podem não funcionar, mas isso é parte do aprendizado.

Ao abordar as dificuldades encontradas no Oeste da Bahia, Josiel destaca alguns pontos cruciais que, apesar de desafiadores, contribuíram para o aprendizado e crescimento da fruticultura na região.

“O primeiro desafio foi entender o clima diferente da região, já que não tínhamos um arsenal de pesquisa voltada para a fruticultura.”

A maior barreira enfrentada foi a predominância da agricultura de grãos e fibras na região. A estrutura das revendas estava voltada para esses segmentos, dificultando o acesso a produtos específicos para hortifruti. A quebra da patente de defensivos agrícolas trouxe outro desafio, com os produtos genéricos sendo direcionados principalmente para as culturas já estabelecidas, como grãos e café.

Josiel destaca a falta de alguns insumos específicos para a fruticultura, como precursores hormonais e aminoácidos, que eram mais comuns em outras regiões do país. A adaptação aos regimes climáticos distintos da região, com seis meses de chuva e seis meses de seca, também se mostrou difícil, especialmente no manejo da irrigação para garantir o suprimento adequado de água.

“O desafio de irrigar é maior, porque no período de 6 meses chovendo, as plantas fisiologicamente elas se acomodam com a chuva, ela explora uma área de solo bem maior e tal e quando chega no período de seca, você precisa montar um sistema de irrigação que copie o regime da chuva”

No entanto, como todo desafio traz consigo uma oportunidade, essas dificuldades levaram à busca por soluções inovadoras. A região, mesmo enfrentando essas carências, conseguiu aproveitar a assepsia natural proporcionada pelos três meses extremamente secos, promovendo um ambiente propício para o desenvolvimento das plantas.

A região, por ser relativamente jovem na fruticultura, teve a vantagem de contar com produtores mais abertos a inovações. As tecnologias que já eram utilizadas na produção agrícola de grãos e fibra eram totalmente diferentes das fruticulturas. Por serem áreas menores, a fruticultura demanda técnicas específicas, como gotejamento e irrigação localizada, que proporcionam maior controle sobre o fornecimento de água. 

“A fruticultura são áreas menores, com um poder de verticalização e distribuição de renda totalmente diferente. A gente costuma dizer que a fruta é um produto manufaturado, feito com a mão de gente”

Ao longo dos anos, a mentalidade empreendedora desses produtores contribuiu para o estabelecimento de boas práticas agrícolas desde o início, impulsionando a produtividade e consolidando a região como um polo frutífero. O projeto da Codevasf, que entregou água pressurizada aos produtores, foi um marco importante nesse aspecto, facilitando a irrigação nas propriedades.

“Produzir alimento é algo mágico e ter esse desafio de você saber que todo dia vai ser um dia diferente, ter uma dinâmica tremenda, como diz o filósofo ‘uma empresa a céu aberto’. 

Essa convergência entre desafios e oportunidades moldou a trajetória de Josiel e de tantos outros envolvidos na fruticultura do Oeste da Bahia. Uma história de resiliência, adaptação e paixão por uma atividade que, mesmo diante das adversidades, continua a florescer, proporcionando não apenas frutas saborosas, mas também crescimento econômico e desenvolvimento sustentável para a região.

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