helena schmidt

Dona Helena Schmidt, natural de Campo Novo, no Rio Grande do Sul, compartilha detalhes sobre a sua vida na agricultura. Seus pais eram pequenos produtores rurais e após seu casamento, Helena e Paulo Schmidt, seu esposo, foram para Foz do Iguaçu, onde plantaram soja, no entanto, as terras eram arrendadas, o que levou o casal a buscar oportunidades em outras regiões.

Foi quando ficaram sabendo do Oeste da Bahia, por oportunidade do 4º Batalhão de Engenharia de Construção, atuando na construção da estrada que iria ligar Barreiras a Brasília, e em 1979 vieram conhecer as terras. Seu esposo ficou encantado com as terras e logo providenciou o dinheiro para conseguir efetuar a compra de um bom pedaço de terra.

Na época, venderam um apartamento e a safra produzida naquele ano em Foz do Iguaçu. Assim como todo produtor que chegava na região eles também iniciaram com a cultura de arroz, para estruturar o perfil do solo de maneira adequada para optarem futuramente por outras culturas. Passados três anos cultivando arroz seu esposo, Paulo, afirmou que a região seria ótima para produzir soja, e foi então que investiram na oportunidade e inovaram além do que se esperava para a época, pois já iniciaram com a soja em sistema de plantio direto.

Helena Schmidt, em sua propriedade rural em Luís Eduardo Magalhães durante entrevista para o Epopeia no Agro em 2021.

“O Paulo sempre foi assim, inovador, ele puxou para os filhos dele, não foram os filhos que puxaram, assim de inovar, por exemplo, plantio direto, ele foi um dos primeiros que plantou, que fez esse plantio direto. E quem falava com o Paulo achava que ele era um agrônomo, ele lia muito, conhecia tudo e discutia muitos assuntos com Paulinho, que já era agrônomo” 

Dona Helena reforça o que todas as mulheres visualizavam sobre a região, de que aqui não tinha nada, a tecnologia disponível era zero, o acesso à produtos alimentícios era difícil, só encontrava em Barreiras e como as fazendas muitas vezes ficavam distantes as compras só eram feitas na cidade muito de vez em quando.

Não tinha funcionário, não tinha nada, o único escritório que tinha aqui, era onde os agricultores iam conversar e bater papo, era no escritório do Guadagnin. Lá se reuniam, conversavam, trocavam ideias e voltavam a plantar. Os funcionários que chegavam aqui da região, nem a comida que a gente oferecia eles não comiam, porque eles queriam comer o cuscuz deles e nós tínhamos pão, fazia bolo, fazia isso, não era o cuscuz, que era difícil, nós não sabíamos fazer cuscuz. Tudo era difícil, a água era muito difícil, a comida também, a gente tinha que ir lá em Barreiras comprar comida, só se comprava lá em Barreiras, nós tínhamos que sair daqui e fazer rancho lá.

No início a casa da família era um galpão coberto com telhas tipo brasilit, onde metade era cozinha, os quartos do casal e dos funcionários, a outra metade era onde ficavam os maquinários, trator, a semente, o adubo. Não tinha água, na seca era preciso buscar no rio de trator e na época da chuva era coletada toda a água do telhado, e essa água era usada para a alimentação, banho e outras necessidades. Fogão era à lenha, não existia gás na época de modo acessível, não tinha energia elétrica. A carne consumida pela família era criada na própria fazenda, porco e galinha. 

Dona Helena contou que certa vez seu filho Paulo, acompanhando as andanças do pai pela plantação ingeriu grãos de arroz tratado com o inseticida furadan, e que não morreu pois encontrou um anjo no hospital em Indianápolis, que o salvou.

Helena Schmidt, filhos e netos em sua propriedade rural em Luís Eduardo Magalhães durante entrevista para o Epopeia no Agro em 2021.

“O Paulo plantava a semente, ia lá olhava a semente quando estava nascendo, ia lá, pegava, mascava, eles botavam inoculante na raiz, daí tinha que arrancar para ver se estava inoculado. O Paulinho ia atrás do pai, por onde Paulo ia de manhã, Paulinho ia atrás, daí um dia ele foi e pegou as sementes tratadas que estavam plantadas. Foi um grande susto”

Apesar das dificuldades enfrentadas, as coisas melhoraram com o tempo para Dona Helena. Hoje, sua maior riqueza é a família unida, seguindo os passos do pai na agricultura com responsabilidade e tecnologia.

Diante das histórias inspiradoras compartilhadas por mulheres como Dona Helena, fica evidente a resiliência e a determinação necessárias para enfrentar os desafios do agronegócio. Suas trajetórias ilustram o papel fundamental das mulheres no campo e destacam a importância da união familiar e da adoção de tecnologias para o desenvolvimento sustentável da agricultura. Que essas narrativas inspirem e fortaleçam aqueles que buscam prosperar no setor agrícola, guiados pela dedicação e pelo compromisso com um futuro mais próspero e equitativo.

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